A vida é um processo de autoformação. Desde o momento em que começamos a nos compor na forma humana, recebemos ofertas de diferentes ordens – orgânicas, psíquicas e comportamentais – que podem ser aproveitadas ou recusadas nessa atividade  criativa de desenvolvimento.

A Leitura Corporal entende o sistema digestório como a porção do corpo responsável pela seleção e pelo metabolismo dessas ofertas (saiba mais!). As estruturas que o compõem recebem, filtram, devolvem o que não lhes diz respeito e assimilam o que vai de encontro à natureza do indivíduo, sendo todo esse mecanismo regido pela força da individualidade.

Quando o indivíduo não se sente no direito de rejeitar estímulos, referências comportamentais, conceitos, entre outras ofertas que ele, conscientemente ou não, considera inadequadas à sua constituição, o corpo pode se utilizar do recurso do vômito, como uma forma camuflada de devolução daquilo que, para aquele organismo, é invasivo.

A azia conta que o indivíduo, embora perceba a agressividade que as ofertas representam para si, faz a escolha consciente de não responder – ele sabe que está engolindo sapo, mas sua insegurança está  maior que sua força de posicionamento.

No enjoo, já se estão construindo estratégias de convencimento de que é preciso introjetar diretrizes externas, mesmo que essas lhe sejam hostis. Na gastrite, ele já aceita a invasão. Invasões sucessivas e reiteradas podem causas úlceras, sinalizando que, de tanto negociar limites, o indivíduo já não mais reconhece aquilo que o invade.

O que determina o grau de agressividade de cada oferta é o suporte de cada indivíduo. Para quem oferece, pode ser o mais bem intencionado manjar, a mais verdadeira verdade – mas aquele que recebe pode discordar, pode não gostar e pode não querer.

Quanto mais sapos engolidos, mais profundas se fazem as manifestações, mais posicionamentos vão sendo estimulados. A saúde do sistema digestivo se nutre com as assimilações saudáveis, coerentes com a individualidade e com o projeto pessoal de construção de si.