O pâncreas, o grande regente dos nossos tempos e movimentos, administra todos os processos de amadurecimento pelos quais passamos ao longo da vida. Todos os estímulos que objetivam o ganho de habilidades, a mudança de posições e papéis, o despertar de competências, a redefinição do corpo físico e dos comportamentos, em suma, todo movimento em prol da maturação está sob a jurisdição do pâncreas. E quando ele manifesta algum sintoma, é com o único propósito de ajustar a velocidade ou a intensidade com que acontecem esses novos tempos, para que o Indivíduo possa aproveitá-los da melhor maneira.
Para o pâncreas, é fundamental que o Indivíduo reconheça as suas competências, aceite o seu valor, e promova a transformação de si num ritmo que possibilite mudanças efetivas. E uma vez apropriado de sua nova versão, ele é estimulado pelo pâncreas a ocupar os lugares e os papéis que lhe são devidos – aqueles consonantes com seus desejos, com suas habilidades e com o seu tempo interno.
A pancreatite é uma reação do pâncreas à intenção ou ao movimento de reestruturação forçada. É uma manifestação que objetiva restaurar os ritmos próprios, trazendo a consciência de que a razão para reformularmos a nós mesmo só pode estar na gente. Se a decisão pela mudança reside na expectativa externa – seja um outro ou uma projeção que não condiz com a própria verdade -, o pâncreas inflama para garantir que toda e qualquer transformação se faça em harmonia com aquilo que, até então, foi possível ao Indivíduo apreender, modificar e ressignificar.
E para saber se se está no tempo certo das mudanças, basta observar a intensidade com que os estímulos chegam, os graus de afinidade que eles suscitam e a facilidade com que acontecem. Se muitos conflitos se apresentam, vale a pena rearranjar as cadências internas, e confiar que o pâncreas vai saber direitinho o momento, o ritmo e a intensidade ideais para a maturação que se quer, se precisa e se irá conquistar.