A síndrome das pernas inquietas (SPI) é caracterizada pela presença de alterações da sensibilidade e de agitação motora involuntária, concentradas mais frequentemente nos membros inferiores, com manifestação predominante nas situações de pouco movimento, nos momentos de descanso, na entrada ou durante o sono e/ou na vivência da solidão, da pensação, do tédio, da indecisão, do cansaço, da frustração, do desaponto, da mágoa, da raiva, da euforia, da aversão ou do desencanto. Pode ser composta por reações motoras que envolvem outras partes do corpo, e é definida pela vivência veemente da necessidade de mover-se e/ou pela efetivação incontrolada e não anunciada de movimentos bruscos das extremidades. É um fenômeno que pode se instalar em qualquer idade e mostrar uma atividade contínua ou esporádica, e que pode resultar na configuração de estados de cansaço, de desânimo, de sonolência diurna, de irritabilidade, de redução da atenção e da concentração, de desinteresse, de indisponibilidade, de imperatividade e/ou depressivos.

Para a Leitura Corporal, a síndrome das pernas inquietas está associada a uma frequente exposição a comandos, apontamentos de falhas e correções, em relação aos quais o indivíduo contém ou ajusta de forma excessiva a reatividade e a expressão de si; à presença crônica, exasperante ou angustiante, e comumente não revelada, da  autorreprovação; à convivência aflitiva com a possibilidade de parecer um indivíduo limitado, improdutivo ou impotente; ao controle da expressão da ansiedade durante uma atividade social, utilizando-se como recurso a atuação programada e rigorosa; à necessidade do corpo de se movimentar, e representar ou expurgar as pulsões retidas.

A síndrome das pernas inquietas estimula o reconhecimento e o entendimento das qualidades, dos potenciais e dos limites pessoais, e trabalha na estruturação das formas de manifestá-los. É um recurso do psiquismo para vencer bloqueios e acúmulos, trazendo de volta a dinâmica a todas as dimensões do indivíduo.