O corpo é emoção inscrita na matéria. Através dos segmentos físicos, circulam qualidades diversas de energia, cada qual com sua especificidade e sua função na evolução do psiquismo humano. As panturrilhas são campos para o desenvolvimento do sentido de apropriação – uma competência que cria as bases para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis.

A apropriação é uma habilidade que vai muito além do ato de possuir. Se eu tenho uma casa da qual não usufruo, trata-se de uma posse e não de uma apropriação. Se possuo talentos mas não lhes dou vazão, deles estou desapropriado. Se atribuo ao outro a responsabilidade sobre a minha vida, falta-me a apropriação da minha história.

O sentido de apropriação que é estimulado pela região das panturrilhas significa reconhecer e assumir as características pessoais, identificar os lugares próprios, responder por escolhas legítimas, posicionar-se de acordo com a verdadeira vontade.

Mas quando o tema é relacionar-se, mais praticamos abdicações do que apropriações. Em nome de conquistar, manter ou não perder relações, é comum a abstenção posicionamentos, a contenção de vontades e o controle de características autênticas e, portanto, vitais.

Desapropriado de si, o vínculo que se cria é de dependência e de contabilidade afetiva. Afinal, quanto mais nos afastamos do que somos para garantir uma relação, mais cobramos do outro que faça o mesmo.

Por isso, para bem relacionar-se é preciso cuidar das panturrilhas, transformando as abdicações indevidas em apropriações legítimas.