Quando controlamos em demasia a vontade de expressar nossos descontentamentos; quando exigimos de nós o exercício da tolerância e nos mortificamos por nossas reações raivosas; quando não nos damos o direito de nos reposicionar ou redimensionar as situações vividas, mesmo quando os sentires já são outros; enfim, quando a presença do sentimento de raiva nos motiva à expressão e à ação, mas permanecemos segundo os comportamentos e os valores até então praticados, o nosso corpo, através da sensação de ter um segmento corporal inflamado e aceso em brasa, estimula a expressão das emoções vividas.
A dor que arde atua na reparação dos estados de repressão da assertividade, da contenção ou do uso distorcido do poder de resposta e de realização. Sua atividade incita à efetuação de ações concretas e objetivas, estimulando o resgate de atitudes maduras e construtivas.
Se algum segmento do corpo arde, é momento de localizar e ordenar os sentimentos, as razões e os interesses pessoais, de fazer valer a sinceridade e a objetividade, e de posicionar-se de maneira a tornar conhecidas a opinião e as vontades que em verdade se tem.
Não é pecado nenhum sentir raiva. Pelo contrário, pode-se, através da permissão do sentimento de raiva, evitar outros sentimentos mais graves e indesejáveis.
É a partir da expressão dos nossos impulsos e sentires que aprimoramos a habilidade em lidar com os mesmos. Se nos posicionamos de acordo com a nossa verdade, o sentimento de raiva torna-se cada vez menos necessário, e a dor ardida se dissipa.
Nem a reatividade aumentada, nem a inação – é sempre o equilíbrio que o corpo busca!