As relações de dependência são importantes e inerentes à condição humana. De uma forma ou de outra, dependemos sempre de alguém – dos nossos pais e dos nossos filhos, de quem plante o trigo e de quem produza o pão, da boa vontade do chefe, do amparo dos nossos amigos, de quem escreve e de quem lê. São inúmeras as formas de depender e temos uma porção do corpo dedicada exclusivamente à organização dessa necessidade: o arco medial do pé. Então, está tudo certo, exceto quando nos recusamos à dependência ou quando sustentamos dependências excessivas.

Alimentar dependências desnecessárias tem sido uma constante na nossa humanidade. Mas o corpo não foi feito para isso: do outro lado da dependência está o arco lateral do pé, por onde circulam os impulsos de autonomia. Afinal, dependências têm tipos e tamanhos, e dentro delas, são muitos os espaços possíveis de liberdade.

Fomos projetados para nos complementarmos, considerando sempre os atributos e competências que nos permitem agir por si só. Os arcos do pé equilibram-se e   compensam-se, para que o caminhar humano se cumpra no seu propósito.

Como é que você pisa?