Os adoecimentos da vesícula biliar, como a formação de pedras, são bastante comuns na nossa humanidade. Aos olhos da Leitura Corporal, isso deve ao conflito que culturalmente vem sendo nutrido entre dois grandes campos da inteligência humana: a lógica da razão e a lógica da emocionalidade. Campos aptos a coexistir de forma complementar e produtiva, mas que são ainda assimilados como atributos que se contradizem (apesar das muitas pesquisas e descobertas que demonstram, cada vez mais, a forma integrada como a razão e a emoção funcionam).
A Leitura Corporal acrescenta ainda como campo de inteligência a lógica da espiritualidade, e afirma que o triângulo formado por razão, emoção e espiritualidade é a verdadeira base do conhecimento humano.
A vesícula biliar, o Portal do Conhecimento, é uma estrutura gerenciada pelo 3º Centro de Força (o Centro da Identidade e da Individualidade), dedicada à importante tarefa de sustentar os atos de nomear e entender com clareza as inquietudes internas e os estímulos provenientes do mundo. Movimentos que são essenciais à auto localização de todo ser humano.
Para tanto, a vesícula precisa de conceitos, de palavras que nomeiem o que é sentido e experimentando a cada tempo. Mas os conceitos, que são construtos da razão, não são suficientes para que o indivíduo se norteie e compreenda seu viver. A eles precisam se integrar as emoções, as experiências e os sentidos pessoais.
O conceito possibilita o entendimento comum e a intercomunicação. Todos sabemos que é o medo, o que é alegria, o que é a raiva. Mas o medo que cada um sente é particular. A alegria pode ser vivenciada com sentidos muito distintas. A raiva pode se apresentar com intensidades variadas. E são as inteligências que lidam com a sensibilidade e com a sensorialidade que oferecem dados para a significação pessoalizada do conceito, possibilitando assim que o indivíduo se localize, verdadeiramente se ancore e ordene seu movimento de vida.
O conhecimento sobre si e de si frente ao mundo precisa de todas as lógicas: da razão, da emoção e da espiritualidade. Para que o indivíduo possa verdadeiramente localizar-se nas suas vivências e atribuir sentidos para a sua história, todas essas inteligências precisam estar atuantes e em equilíbrio.
Por que são tão comuns os adoecimentos vesiculares? Porque os conceitos racionais são privilegiados enquanto fonte de conhecimento. A vesícula fica sobrecarregada com a hipervalorização da racionalidade, e a consequente inibição dos sentidos e significados pessoais. Ficam retidos na vesícula os informes obtidos pela experiência, pela sensibilidade, pela intuição e pelas convicções da alma.
A boa notícia é que, se são tão comuns os sintomas da vesícula, é sinal de que estamos prontos para a conquista de espaços maiores para que o conhecimento possa se manifestar na sua amplitude. É sinal de que os corpos estão cada vez mais resistentes à regência dos conceitos, menos dispostos à contenção da emocionalidade e mais desejosos da busca pelos sentidos da Vida.
Cada um que se dispõe a qualificar sua consciência vesicular fortalece na humanidade essa passagem a outros patamares do conhecimento.