Aos olhos da Leitura Corporal, são muitas as formas do chamado transtorno bipolar. Pode-se dizer que cada indivíduo que o manifesta configura um quadro específico e que, em verdade, a oscilação do humor que caracteriza essa patologia é uma experiência inerente à humanidade – o que varia de indivíduo para indivíduo é o grau de suporte e de processamento dessa flutuação de estados.
Possuímos, inclusive, um ponto do corpo dedicado exclusivamente à regulação do humor, que fica na superfície superior do ombro, próximo à junção da clavícula (o osso da aceitação) e da escápula (o osso da redefinição de rumos). É lá que a Leitura Corporal atua nos casos de manifestação patológica da variação do humor, estimulando o aflorar da competência, que todos têm, de se equilibrar em meio a tantas oscilações.
A autocontenção prolongada é uma atitude desencadeadora do transtorno bipolar. Quando o indivíduo poda seu poder de se manifestar, de se atender, de dizer sim e de dizer não, o corpo trata de rememorá-lo da sua capacidade e do seu direito de conduzir a própria vida e de ser o autor da própria história. A lembrança de que “sim, eu posso!” pode suscitar rompantes de euforia – afinal, é grande a vontade se expressar, de agir, de se projetar no mundo.
Mas no mundo todos tem esse poder-poder – emanação do 3º Centro de Força, que rege a força da Identidade e da Individualidade. Então “eu posso, mas não posso tanto assim”, pois há sempre o outro. O segredo está no senso de proporcionalidade e é este o propósito do transtorno bipolar: ajudar o indivíduo a compreender que, mesmo que ele não possa tanto, ele ainda pode muito. Nessa dança de recolher-se e de projetar-se, de sentir-se deprimido e de sentir-se animado, ganha-se a oportunidade de reconhecer-se como humano, logo oscilante. Ganha-se também a chance de dimensionar o uso do próprio poder.
Afinal, tanto a contenção total de si como a liberdade sem contornos são vivências exaustivas. Nem tanto ao céu nem tanto ao mar – a saúde fica no caminho do meio.