As vontades são pulsões da ordem do inegociável. Aos olhos da Leitura Corporal, vontade é aquilo que, indiscutivelmente, traz para cada um de nós a força do ânimo e da persistência. Os desejos, representantes da vontade, movimentam-se mais, variando suas formas, intensidades e durações. Já os quereres, derivados do reconhecimento dos desejos, atuam mais na ordem do imediato e do cotidiano, e por isso se fazem mais abertos à negociação.
Lidar com os quereres ainda é, para a nosso psiquismo, uma prática mais leve, pois eles vibram em um campo por nós mais assentido – o campo da análise e da ponderação. Ficamos mais tranquilos com aquilo que admite a discussão, a escolha, a participação do outro e o ajuste às possibilidades do momento. Enquanto a vontade e o desejo estão mais próximos da pura aceitação, os quereres permitem variadas possibilidades de adaptação.
Isso não quer dizer, contudo, que os quereres sejam receptíveis à prática indiscriminada de ajustes. O ajustamento requer um jogo de cintura, que autoriza revisões mantendo a integridade da querência. E isso pode não ser uma tarefa simples – ajustamentos podem ser verdadeiros teoremas, que precisam validar as verdades anteriores e os elementos fundamentais. Às vezes é preciso ir e vir, ensaiar, refazer, revisitar a lista de prioridades, experimentar mais uma vez, e de novo, até encontrar o caminho.
Nessa condição, a impaciência pode se fazer reinante, e para resolver rápido, mudar de assunto e não ter que lidar com tantas equações, começamos a adoecer a coluna. Pois ela, enquanto Pilar de Afirmação da Identidade, não engole assim tão fácil a resolução que não resolve.
A saúde da coluna requer paciência, e cuida para que o indivíduo não se entregue à ânsia da solução. Afinal, mais vale uma confusão que uma pendência eterna consigo.