A gagueira, caracterizada pela presença de desordens na fluência da fala, é entendida pela Leitura Corporal como um instrumento para o sistema de auto-organização do Indivíduo: serve ao ganho de tempo para a seleção e a ordenação do que se quer expressar, bem como para a aquisição de segurança e confiança no ato da expressão. Enquanto manifestação relaciona à vivência contínua do estado de embaraço, desconforto e indefinição quanto a que e de que forma pronunciar-se, a gagueira atua como um antídoto para a tendência à mudez e ao isolamento.

A proposta da gaguez é desenvolver e facilitar, no Indivíduo, o usufruto da própria presença. Essa mesma função é exercida por outros tipos de manifestação, como o nistagmo, a latência entre as ações de estímulo e resposta, a escrita solavancada, a tomada de decisão mais demorada e a execução rápida, bem como a atuação baseada na razão do tudo ou nada.

Seja onde for, o princípio da gagueira está sempre a serviço da recomposição emocional e psíquica, da arrumação de ideias, para que o Indivíduo se organize em relação aos próprios conteúdos e àquelas que são as suas formas genuínas de expressão.