Para a Leitura Corporal, cumprir significa sustentar até a autorrealização. Seja uma atividade, uma conversa, uma relação ou uma condição de vida, o psiquismo entende como coisa cumprida tudo aquilo que faz com que o indivíduo se sinta realizado. Assim, pode-se finalizar sem cumprir, e cumprir sem finalizar, pois o termômetro do cumprimento está no sentimento de autorrealização.

Muitos indivíduos se encontram hoje condicionados a efetuar e a manter as tarefas, as promessas e as demandas “custando o que custar”, sem levar em conta o que em verdade  atrai e pode satisfazer.  O fazer pelo outro, para o outro ou por pura conveniência é, na visão da Leitura Corporal, algo diferente de cumprir. O cumprimento necessita do poder de escolha pela própria querência e do comprometimento consigo, com as próprias curiosidades, desejos e disponibilidades.

A fibromialgia é uma manifestação que trata o compromisso de colocar-se na linha de frente para a execução de toda e qualquer proposta. É um estímulo para que o indivíduo se permita querer com ousadia, aproveitando-se dos próprios potenciais e tomando como parâmetro de autovalor não aquilo que promete e entrega pronto para o externo, mas sim qualquer coisa – feita, desfeita ou refeita – que lhe traga o sentimento de preenchimento e de satisfação. Em outras palavras, a proposta da fibromialgia é de deslocar o indivíduo de um comportamento padronizado e mecanizado pela exigência da realização, em direção a uma atitude que o coloque no curso da autorrealização.

Afinal, se o imperativo externo da finalização se faz necessário em certos contextos, há sempre espaços na vida para permanecer e efetivar por si e para si. E é essa ação comprometida consigo que alimenta o desejo, o ânimo e a força para cumprir e para alargar as infinitas possibilidades de cumprimento.