Aos olhos da Leitura Corporal, a pele se dedica à organização e ao desenvolvimento das habilidades da adaptação e do convívio. Esses conteúdos, respectivamente associados às vibrações do 1º e do 4º Centro de Força, estão intimamente relacionados, pois a saúde da convivência depende da experiência de se sentir integrado, pertencente, aceito nas próprias peculiaridades e receptivo às singularidades dos outros.
Essa extensa estrutura delineia contornos, localiza os limites pessoais, demarcando os espaços internos e externos ao indivíduo. Para que não haja ruptura entre o que existe dentro e o mundo lá fora, ou para que a adaptação se faça de forma saudável, é fundamental que exista a clareza de si, do que é próprio, e dos motivos que levam o indivíduo a querer participar ou se libertar de uma relação, uma circunstância ou um contexto.
Entretanto, é bastante comum na nossa humanidade o uso desvirtuado da pulsão da adaptação, na medida em que lançamos mão de performances e máscaras comportamentais para não deixar transparecer incômodos, contrariedades ou a simples vontade de não estar ou de estar de outra forma em determinadas situações. Por melhores que sejam as intenções, a adaptação que invalida a verdade do Ser favorece adoecimentos, e a pele é um segmento nobre no processamento de conflitos relacionados às dificuldades da troca, da partilha e do ajuste aos indivíduos e ambientes externos.
Por isso ela coça: para evitar a manutenção da falsidade. A coceira ativa a identificação e a validação das verdades internas, para que o desejo de agrupamento, o prazer da associação e a evolução das formas de convívio sejam nutridos pela autenticidade dos sentires.
Quando a pele coçar, pare e se observe – é um ótima oportunidade para se localizar, se reconhecer e dar mais um passo no desenvolvimento da própria identidade.