A pelve é uma estrutura dedicada à construção da vida cotidiana. Possui como
materiais essenciais a seu trabalho a alegria, o prazer de viver e o conforto de ser
quem se é a cada tempo e de sentir o que se sente a cada momento.

A Leitura Corporal brinca com a ideia de que pelve é terra sem lei. Na
dimensão pélvica, regras e julgamentos são inibidores: podem afastar o indivíduo da
sua verdade, dificultando a grande proposta de desenvolvimento dessa região que é a
criação da intimidade consigo. Na pelve, as pulsões só precisam ser acolhidas para se
fazerem conhecidas.

Como eu sou? O que estou sentindo? O que é bom para mim e o que não é?
Do que gosto e do que não gosto? Onde eu quero estar? O que eu quero? Do que eu
preciso?

A consciência pélvica trabalha para que estejamos em posse dessas clarezas e
de todas as variações que acontecem no tempo. O que é aprazível em um momento
pode não ser em outro, o que uma vez atrai pode repelir. O fluxo é contínuo e
inconstante, e está tudo certo: o que importa é que se esteja à vontade consigo.

Uma expressão muito importante para a pelve é “autopriorização” e seu
significado é amplo: começa pela validação do que é sentido, isto é, pelo direito que o
indivíduo se dá de sentir o que está sentindo. Isso embasa a liberdade para a
construção e manutenção de relações orientadas pelas verdadeiras disposições e
intensidades.

A pelve trabalha tanto pela inclusão quanto pela exclusão de si nas situações e
contextos. Incentiva que o indivíduo se faça presente a participativo naquilo que
deseja viver, mobiliza o envolvimento com o que atrai (por isso é uma estrutura tão
nobre para as desordens nasais). Ao mesmo tempo, incentiva o direito de não estar ou,
ao menos, de criar as melhores adaptações possíveis para que a lida com o não
aprazível seja leve e fluida. Pelve vibra flexibilidade, equilíbrio entre mundos interno
e externo, ajuste entre o que se quer e o que é possível ao momento. Pelve é puro jogo
de cintura.

Outro conceito importante para a pelve é o romantismo. Muitas desordens que
acontecem nessa região acontecem pela inibição das pulsões românticas do Ser,
suplantadas por valores da autossuficiência e da produtividade. Romantizar significa
entregar-se ao deleite, à sensualidade, ao lisonjeiro, ao encantamento e ao ócio,
movimentos tão essenciais ao experimento da satisfação pela vida.
Somos movidos pela busca do prazer, essa é uma força central ao
desenvolvimento humano. As funções pélvicas nutrem o tesão pelo viver, o ingrediente
mais essencial à manutenção da saúde. Aproveite sua pelve!